7 de setembro de 2013

Amizade cênica


Um dos autores e protagonista de “Pé na cova”, Miguel comemora o fato de ter emplacado uma segunda temporada de uma atração “que vai na contramão de tudo o que é feito atualmente na TV”. 
— É um produto diferenciado aqui dentro. É como o Salgueiro. Não é melhor, nem pior. É diferente — diz, aos risos, em seu camarim: — Aqui, o ser de exceção não é tratado como chacota. Eles são o que são. Falabella revela que há uma certa parcela de rejeição ao seriado, mas diz que “quem gosta, gosta muito”. — Eu sou popular e fiz essa escolha desde cedo na minha carreira. 

Mas você acaba meio aprisionado. Fiquei muito engessado num tipo de humor com o “Sai do baixo” e depois com o “Toma lá, dá cá”. Não busco só o humor pelo humor. Nesta temporada, o programa fica mais humano ainda. É uma comédia mais sofisticada, da palavra, da loucura e da observação — enumera o autor. 
Por trás de uma aparente bizarrice, a família Pereira demonstrou ser um grupo perfeitamente normal. — Agora eles já se tornaram uma família para o público. Os preconceitos já foram vencidos por quem tinha que vencer. Eles são a nossa família moderna. Falamos sobre as ambiguidades e opções sexuais. É muito legal tratar desse assunto num país com tão poucos direitos. Nesse Paquistão, como eu digo. Poder ter esse programa na TV é muito saudável — diz Falabella. 

Marília aprova o fato de interpretar uma mulher fora dos padrões. E define a série como “uma aposta corajosa”. 
— Nestes últimos anos eu vinha sendo colocada na Globo como uma mulher elegante e fina. A Marília Pêra não é assim. Mas foi difícil eles me deixarem falar errado em cena — entrega a atriz. Ela confessa que foi difícil romper com essa imagem. 
— Mas eu queria ser desmiolada, ser engraçada. Darlene é bagaceira, e eles não queriam me deixar ser bagaceira. 

Acostumada ao estilo de Falabella, Marília diz que seus últimos contratos com a Globo foram renovados em função da vontade do autor em tê-la em seus elencos. Mas diz que a proximidade dos dois, que atuaram juntos por um ano e meio no musical “Hello, Dolly”, é apenas cênica. 
— Eu e Miguel não frequentamos a casa um do outro. Não somos esse tipo de amigos. Nossa amizade se fortifica no trabalho. Nos vemos no teatro e na TV, mas é raro ele vir ao meu camarim ou eu ir ao dele. Nossa conversa é através dos personagens. No jogo cênico você acaba conhecendo a personalidade do outro. E eu o conheço profundamente. 

Fonte: O Globo – Cultura

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