27 de maio de 2013

‘Pé na cova’, de novo, abole o falso moralismo, emociona e diverte


É a hora de brincar com esses rearranjos. O último episódio de “Pé na cova” fez isso e foi muito feliz. O tema central do programa foi a PEC das domésticas. O texto não aliviou nem paternalizou. Ao contrário, sem pudor, engatou na acidez politicamente incorreta e fez uma festa. Adenoide (Sabrina Korgut) apareceu numa reunião de domésticas sindicalistas. Paralelamente, uma madame (participação de Bia Nunnes) surgiu querendo tratar o enterro de sua ex-babá “trazida da Bahia por mamãe para cuidar de mim desde que era menina”. Foi uma referência à prática detestável e comum ainda de empregar crianças e dizer que são “como uma pessoa da família”. 
A patroa da ficção encomendou um caixão de compensado, com alça de plástico, e nem quis ficar para o velório. Com pena da morta, Ruço (Miguel Falabella), visto por Adenoide e seus pares como alguém da “categoria patrão”, velou a tal babá. Foi uma inversão entre vilões e mocinhos, e uma brincadeira com os papeis sociais. 
 Com um episódio inspirado e que deu rasteira no moralismo, “Pé na cova” mostrou que continua na frente dos debates. E ainda faz isso com poesia. A cena final, das borboletas voando para fora do caixão, foi muito bonita. 

 Fonte: Patrícia Kogut

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