24 de dezembro de 2012

Pé na Cova


Rio - Do Largo do Arouche (‘Sai de Baixo’), passando pelo Jambalaya Ocean Drive (‘Toma Lá, Dá Cá’), Miguel Falabella agora é do Irajá. Dia 24 de janeiro, ele invade a telinha da Globo com uma espécie de ‘Família Addams do subúrbio’, em seu novo sitcom ‘Pé na Cova’. Dono de uma funerária, Ruço, seu personagem, é pai da lésbica e stripper Odete Roitman (Luma Costa), e do aspirante a político Alessanderson (Daniel Torres). É casado com uma mulher 30 anos mais jovem, Abigail (Lorena Comparato), e ainda mora com a ex, Darlene (Marília Pêra), maquiadora dos mortos. 

 “Quando morei na Ilha do Governador, eu vivia estudando na casa dos meus amigos na Vila da Penha, Bonsucesso, Ramos. Frequentei muito o subúrbio carioca. Comemorava aniversário na Quinta da Boa Vista e adorava. ‘Pé na Cova’ é a coisa mais arrojada que fiz na minha carreira em TV. Eles são loucos, falam errado, não entendem nada. Mas acredito que as pessoas vão gostar porque é feito com afeto. É crítico, ácido, apocalíptico, é o Brasil que o Brasil não gosta de ver”, afirma o autor e ator do seriado. “Tem de tudo, sapatão, travesti, gente doida. Eu gosto do avesso, sorry! Mostro as coisas como elas são e não gosto de nada que se pareça com anúncio de margarina”, justifica. 

Miguel diz que sente falta de uma diversidade maior na TV. Sem papas na língua, sabe que seu estilo pode até não agradar a todos, mas que é justamente esse o seu diferencial. “Sou um pouco a ‘ovelha negra’ daqui (Globo), não sou o menino querido. Meus programas nunca podem passar no ‘Vale a Pena Ver de Novo’, porque sou o único autor que escala travesti e coisas do gênero. Mas eu gosto disso, minha estética é essa. Minhas atrizes não vendem Arezzo. Gosto dos excluídos, das putas, dos feios. Não quero agradar todo mundo. Mas sou o rei do Viva (canal a cabo que reprisa seus humorísticos). Meus programas ficam para o resto da vida”, alfineta. 

Apesar de ter convidado a cantora Mart’nália para interpretar Tamanco, a namorada de sua filha, Falabella garante que a intenção não é polemizar. “É bizarro, né? Ela é o meu ‘genro’, casada com a minha filha, que é uma piranha que se mostra na internet (risos)... Não tem beijo na boca. Ainda não chegamos a esse ponto. Não quero criar polêmica, é um programa para divertir de maneira inteligente”, explica Miguel, que na história é contra o romance das duas. 

‘Pé na Cova’ pode ser o último trabalho de Miguel como ator de TV. “Acho que é a minha despedida, mas numa boa, vou continuar escrevendo, dirigindo. Já fiz muito, enjoei, deixa para os outros agora. Como ator, eu vou parar. Não tenho tempo. Tenho milhões de peças, programas, novelas na minha cabeça. Claro que se tiver um puta papel eu venho e faço uma graça, mas ninguém me chama. Se eu mesmo não me escalar, ninguém me escala”, diz Miguel. 

 Fonte: O Dia

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