Há exatos 25 anos estreava na televisão brasileira o remake de uma das mais marcantes telenovelas brasileiras: Selva de Pedra, de Janete Clair. Uma produção até hoje lembrada por muitas pessoas, que acompanharam na época ou sonham um dia poder vê-la, como eu, amante das coisas boas, que valem realmente a pena.
Miguel, que até então só havia feito pequenos papéis na casa, ganhou o papel do malandro Miro no remake, papel que definitivamente marcou sua carreira. Junto com Christianne Torloni, foi o destaque da novela. Seu personagem caiu no gosto popular e muitos julgaram sua atuação do mesmo nível ou até superior a do talentosíssimo e respeitado Carlos Vereza, que deu vida a Miro na primeira versão.
As gírias do personagem caíram na boca do povo. “Governador da vila” (coração); “puruca do brejo” (mulher feia); “num vô com teus córnio” (Não vou com a tua cara); e o clássico bordão, “nhenhém”.
“Avancini já havia convidado o Ney Latorraca para fazer o Miro na segunda versão de Selva de pedra, mas o Ney tinha recusado porque, na primeira versão, o Carlos Vereza tinha dado um show e se tornado quase um ícone interpretando o personagem. Então, Avancini me chamou para conversar. Fui todo feliz porque se tratava de mais um trabalho, mas achando que seria mais uma bobagenzinha. Avancini, com aquele jeitão maravilhoso, um criador, conversava olhando todos os meus ângulos. De repente, sentou-se na minha frente e falou: “Rapaz, vou te dar o melhor papel masculino da novela”. Fiquei atônito. (...) “Você vai fazer o Miro”. Lembro perfeitamente que saí andando pela Rua Pacheco Leão, no Jardim Botânico, meio em estado de choque. A ficha não tinha caído: “Eu, fazer o Miro?”. Afinal, ele era um dos protagonistas da trama".
"Avancini foi muito esperto. Ele sabia que o Miro vivido pelo Vereza, angustiado, gótico, tinha marcado profundamente, estava no inconsciente coletivo do público. Ele me disse: “Você é louro, de olho azul. Não parece um malandro carioca, embora seja carioca. Você vai fazer um malandro, mas eu não quero que seja parecido com o da primeira versão. Eu não quero um Miro gótico, quero um anjo, um Miro solar, porque o mau também se mascara de várias formas. Vamos aproveitar esse seu jeito carioca de São Cristóvão e da Ilha do Governador, que tem um dialeto pronto”. E eu fiz um Miro alegre, brincalhão, que foi um sucesso imenso, o papel que realmente transformou a minha vida da noite para o dia. Mesmo que as pessoas não soubessem o meu nome, sabiam que eu era o Miro. Trabalhar com o Avancini foi fabuloso. Ele era um homem muito meticuloso. O careca era danado!”.
Abraços!
2 comentários:
Vamos torcer para que alguém poste mais cenas do Miguel nessa novela.
A novela parece ótima, gostava de ter visto...
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